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de abril e do vírus, à poesia de Sophia e à língua portuguesa

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

Abril quase podia resumir-se assim, através da poesia de Sophia. 
Abril foi um mês duro, com ruínas e morte.  
Em abril reaprendemos nos sentidos e na pele, palavras como silêncio, recolhimento, dor, saudade, distância, confinamento.  E vírus.  Todos os dias a palavra vírus. 
Mas também reaprendemos liberdade, solidariedade, força, união, amor.
Chegados aqui, reaprendemos a acreditar com renascida exaltação.  
Oxalá as nossas mãos não fiquem vazias de esperança e de futuro.
Oxalá as palavras não se gastem.  
Oxalá continuemos a exprimir-nos na língua que é o nosso ponto de encontro, lugar onde nos acertamos.   E que nos oferece também a palavra  coragem.
O que nos une nestes dias é imenso.  
Continuaremos assim.  Também com a emoção da nossa  pátria que é a língua portuguesa.  
Vem vamos embora que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora não espera acontecer


Comentários

  1. E hoje, aqui estamos, a tentar reiniciar a vida, muito a medo, com a sensação de que o problema não está resolvido e que amanhã podemos ser nós os atingidos. E temos que tomar decisões: vamos trabalhar? Deixamos os nossos filhos ir à escola? Deixamos que andem em transportes públicos?

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    Respostas
    1. Ocorre-me Saramago "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo". Passo a passo, temos de tomar decisões. Com muita precaução, cumprindo todas as regras, mas tentando não ter medo. A verdade é que temos de viver e de nos adaptar ao novo "modelo"... Bjs


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