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Mensagens

A mostrar mensagens de 2020

Nós...

Tantos dias aqui.  As duas.   E noites.  E outra vez dias.  Mais de setenta. Isto de estarmos juntas, obrigatoriamente juntas, tem sido complicado. Já há uns anos que não acontecia assim. Agora é acordar no quarto ao lado uma da outra, pisar o mesmo chão, respirar o mesmo ar, literalmente. São almoços, jantares, ceias. Sofá, mesa, cadeira, computador, varanda.   E outra vez computador.  Tudo partilhado. Diariamente.  Stresses e trabalhos.  Diariamente. A manhãs que são outros dias... iguais. E depois somos nós.  Mais a nossa personalidade forte!   A normalidade tarda a regressar.  E  os quatro aqui a ser tudo uns para os outros.  Como sempre temos sido.  Mas mais.  Com mais intensidade, com mais ansiedade, com mais verdade, ainda.   A aprender na dor.  Aos poucos, voltamos à esperança e ao futuro.  Pelo carinho. Então, lembro um escrito (que quero que também recordes):  não existem filhas perfeitas nem mães perfeitas. E é aí que reside a justiça da equação. És a

de abril e do vírus, à poesia de Sophia e à língua portuguesa

Apesar das ruínas e da morte, Onde sempre acabou cada ilusão, A força dos meus sonhos é tão forte, Que de tudo renasce a exaltação E nunca as minhas mãos ficam vazias. Abril quase podia resumir-se assim, através da poesia de Sophia.  Abril foi um mês duro, com ruínas e morte.   Em abril reaprendemos nos sentidos e na pele, palavras como silêncio, recolhimento, dor, saudade, distância, confinamento.  E vírus.  Todos os dias a palavra vírus.  Mas também reaprendemos liberdade, solidariedade, força, união, amor. Chegados aqui, reaprendemos a acreditar com renascida exaltação.   Oxalá as nossas mãos não fiquem vazias de esperança e de futuro. Oxalá as palavras não se gastem.   Oxalá continuemos a exprimir-nos na língua que é o nosso ponto de encontro, lugar onde nos acertamos.   E que nos oferece também a palavra  coragem. O que nos une nestes dias é imenso.   Continuaremos assim.  Também com a emoção da nossa  pátria que é a língua portuguesa.  

um mês é muito tempo...

No dia 13 de março vim para casa às 16h00.   Sentimos que as coisas estavam a ficar diferentes. Depois de, alguns dias antes, termos ficado a saber que havia duas pessoas infetadas em Portimão ( as primeiras no Algarve), soubemos  naquele dia que já havia mais três.  E uma delas não era da família das primeiras.  Teríamos de nos recolher. Ainda assim, saí da Câmara a pensar que poderia voltar na segunda-feira.   Mas não, o maldito vírus tinha chegado em força.  E o facto de ter começado na comunidade escolar, causou  medo e o consequente alarmismo. Natural. Também eu, logo no dia 11 de março, disse ao Luís que j á não queria que o Duarte fosse à escola, apesar dos casos não terem sido na escola dele.  Mas os miúdos andam juntos em muitos contextos e esta cidade não é assim tão grande... Percebi que a campanha de sensibilização e recomendações na qual tínhamos trabalhado, não seria suficiente.  E que já não voltaria tão depressa ao coração da cidade .   Desde então tem  sido um

fragmentos da banda sonora da vida...

A viver estes dias sem intervalos.  A viver como é possível depois de tanto ter mudado.   É o teletrabalho - coisa moderna a que tenho de me habituar - e ao mesmo tempo é cozinhar, lavar, arejar, motivar, zelar!  Always look at the bright side of life .  Lembro-me desta frase e aproveito para pensar na sorte que tenho por sermos quatro... a fazer, desfazer, gritar, chorar, amar.   Hoje foi dia de ir buscar energia e esperança à música.   Já  assistimos a três concertos #EuFicoEmCasa.  Que generosidade a destes artistas!  Cristina Branco, ofereceu-nos o melhor momento de todos.  Pureza, verdade, voz, afinação e coragem. Agora, enquanto aqui estou, mais acordes e notas. A Inês e o Duarte tocam piano..."há sempre música entre nós". O que ficará de tudo isto?  Crescemos, aprendemos, ultrapassamos... (sucumbimos)?  Há um tempo para todas as coisas.  Este é um tempo de recolhimento, união à distância e crença.   Aprendi que os impossíveis só estão à espera de al

de olhos bem abertos

Janeiro foi um mês longo, cheio de perplexidades e momentos do avesso.   Apesar de tudo, os dias acabaram por se ir sucedendo, porque há sempre o impulso vital e a vontade de seguir em frente. E o desejo de recomeço que trago dentro.  As minhas amigas dizem que é desassossego.  Que gostavam de o sentir como eu, por forma a se  "desacomodarem" mais.  Eu não sei explicar o que é,  mas confirmo que é uma certa inquietação o que me empurra.  Continuo a acreditar na vida e no  je ne sais quoi de poesia que ela transporta.  E por isso sigo a caminhar para o futuro, como se tivesse trinta anos e uma estrada ainda larga e longa pela frente.   Entrei em fevereiro cansada, mas mesmo assim disposta a virar a página.  Com muita vontade de aprender.  E de " viver de olhos bem abertos para que tudo o que entra e que é importante não saia."

a 4 de janeiro, muito para lá das bodas de prata...

Há dias que não são fantásticos.  Há outros dias cinzentos e sem brilho.  Às vezes não temos  energia nem força. Contudo, temos sempre conseguido recomeçar e reinventar o nosso amor.  Porque o amor carece de paciência e de tempo.  O a mor é a amizade sublimada, depurada, envelhecida como um bom vinho.  Após 28 anos de casamento, continuamos a ter no afeto o oxigénio de cada um dos nossos dias.  Acreditamos que amar é também envelhecermos juntos. É muito bom perceber que do solstício ao equinócio, continuamos aqui!  A ser fracos e fortes, tristes e alegres, zangados e contentes, mas sempre companheiros. Gosto de ti por seres abraço que cura e mão que segura.  Por seres  a nossa morada.    E estou preparada para mais 28!