No dia 4 de janeiro de 1992 dissemos: "sim, aceito." E "prometo amar-te, respeitar-te, ser-te fiel, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença..." Continuamos a ser cumpridores desta promessa. Fazemos planos, partilhamos silêncios, músicas, ideias, sonhos, problemas, contas, alegrias, tristezas, dias maravilhosos e outros tantos cinzentos... e sentimos um orgulho bonito por tudo o que construímos juntos. Temos conseguido recomeçar e reinventar o nosso amor, mesmo nos momentos mais difíceis. O amor carece de paciência. E de tempo. No nosso caso, o amor é já a amizade sublimada, depurada, envelhecida como um bom vinho. Após 29 anos de casamento, continuamos a ter no afeto o oxigénio de cada um dos nossos dias. Acreditamos que amar é também envelhecermos juntos. Repetimos muitas vezes que podia ser bem mais fácil, mas não seria melhor. Somos a morada um do outro. E estamos preparados para mais 29!
Tantos dias aqui. As duas. E noites. E outra vez dias. Mais de setenta. Isto de estarmos juntas, obrigatoriamente juntas, tem sido complicado. Já há uns anos que não acontecia assim. Agora é acordar no quarto ao lado uma da outra, pisar o mesmo chão, respirar o mesmo ar, literalmente. São almoços, jantares, ceias. Sofá, mesa, cadeira, computador, varanda. E outra vez computador. Tudo partilhado. Diariamente. Stresses e trabalhos. Diariamente. A manhãs que são outros dias... iguais. E depois somos nós. Mais a nossa personalidade forte! A normalidade tarda a regressar. E os quatro aqui a ser tudo uns para os outros. Como sempre temos sido. Mas mais. Com mais intensidade, com mais ansiedade, com mais verdade, ainda. A aprender na dor. Aos poucos, voltamos à esperança e ao futuro. Pelo carinho. Então, lembro um escrito (que quero que tamb...